segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Dança

Eu parei e dancei.
Ali parado
na frente dela.
Porra, logo eu
que nunca danço.
Abanava meu rabo, abanava
de felicidade. Um abano
patético. Com uma cara
igualmente ridícula e meu velho
sorriso
forçado.

"Não, não,
tu não é nada disso.
Tu é legal, porra! Não pensa em
nada.", pensava,
já estragando meus
planos.

Mas no fundo
eu sabia que eu era
tudo disso.
Que logo mais
alguma palavra sairia
da minha boca
explodiria
e me mataria de novo.
Eu sabia que um gesto
meu
iria
me corroer
pelo resto
da vida.
Que eu teria nojo
ao lembrar.
Que eu teria que forçar
uma risada psicótica, assim
tirada do nada
para parar de pensar
no meu "oi" encabulado;
no meu "tchau" descoordenado;
no meu rosto;
em mim.

Eu estava pronto para a batalha:
eu X eu.
E só haveria um perdedor. Mas ninguém
poderia ganhar.

Eu não perdi a batalha.
Ela dançou comigo, riu
me beijou, me apertou,
fez com que eu deixasse
de pensar em mim,
mas a guerra, isso é outra
história.
Na guerra
eu morro no final
assim, como um Romeu
sem Julieta.
Como sempre, sem chance,
pensei. Não consigo
me sentir melhor. Eu me vi
de novo.
E nada
no mundo vai me fazer
dançar
outra vez.

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