segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O suicida

Eu falei horas e
horas e mais
horas
sobre a importância
do beijo. E como
ele nos afetaria.
E que, talvez,
fosse a única salvação
para eu ser um ser
quase
normal.
Eu queria aquele
beijo; eu precisava
daquilo.
Eu olhava no olho
dela
e não via desejo algum, enquanto
o meu queimava
de vontade e falta de
confiança.
Sentia
que eu
diminuia, indo em direção
do chão. Em pouco tempo
eu gritava, dos seus pés,
as razões para ela
aceitar meus lábios
nos dela e que
ela poderia se arrepender
a qualquer minuto. Me jogando
na lama, na lama
de onde eu venho.
E pisar em cima
de mim.
Eu tentava parar
de falar. Já me sentia
escroto, patético
ridículo. Mas
não conseguia.
As palavras dela
ecoavam por minha
mente: "Eu quero um
amigo. É o que eu estou
procurando."
Sempre me fodi com isso:
um amigo.
Mas, mesmo assim, mesmo me
sentindo
o maior idiota
do mundo
eu continuava a falar.
Eu me explicava, e ela
olhava para os lados
com um tédio
de quem está preso.
Ela estava presa a mim, e
eu era o pior carcereiro
do mundo.
O beijo que eu esperava
que fosse interromper
minhas palavras não
veio.
E um silêncio me
subiu as costas quando
desisti. E me sufocava.
E algumas palavras
salvaram minha
vida:
"Por que falar tudo
isso, quando
podia ter, apenas, me
beijado?"
E essa pergunta
me libertou, de certa
forma, e me matou um pouco
também.
E o beijo foi bom e o
abraço
melhor.
E eu morro sozinho,
um suicida sem
intenção.

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