quarta-feira, 24 de abril de 2013

eclipse

você se apaixona pela luz
e aos poucos
ela diminui
até tornar-se
ausência

a sala inteira se ilumina
como com luz negra
- a ausência -
o ter algo na frente
os raios que saem de lá

a luz que transborda

lhe ilumina e lhe cega
dobrando seus joelhos
e lhe pondo a rezar
uma missa de miçangas e
panos verdes
e panos azuis e panos vermelhos
e panos laranjas

e tudo escorrendo pelo chão

numa água colorida que
abre caminho pelas rochas
em você
dentro de você
rochas com gosto
cheiro e textura
de geléia

você põe seus pés na areia
abrindo espaço com os dedos
e antes de chorar você ri
como se nada mais
importasse

porque você está vivo
e consegue
rir das ondas do ar
e da falta de sentido
da luz
da ausência
do algo na frente

você joga areia para cima
mas decide não olhar
apenas escuta o barulho
de vidro se
quebrando

alguns olhos são piores
que um eclipse.