terça-feira, 13 de setembro de 2011

detalhe

ela era linda
mas eu nunca mais consegui
escrever sobre ela.
e, às vezes, eu fumo um cigarro
numa segunda-feira a tarde
e penso sobre isso.

nós, a estrada, nossos acontecimentos
fluiam de forma não-linear.
poética, sem pretensão
ou intenção.
cheia de redenções
embaixo da porta da igreja.

perdia a fúria da tela em branco.
sem esforço.
assim como a vida
vagava
pelas ruas que
ganhavam novos significados
porque de alguma forma
ela era possível.

eu dancei, meus amigos
eu dancei!
dancei sem vergonha alguma
e senti uma bala perfurar a minha
barriga.
e, pelo furo, eu sentia um vento gelado
felicidade e baunilha
correr para dentro de mim.
e o vento abraçava meus brônquios
como fita de seda verde.
e eu exalava a felicidade de um baseado
às 8:30
ou de uma cerveja no final da manhã.

perco o ar.
solto a fumaça para o alto.

tudo isso, eu penso, porque
ela era linda
e isso
nela
era apenas um detalhe.