eu dirijo e sigo olhando
aquele arroio que divide a
aquele arroio que divide a
porto alegre que carrego em mim
e quando vejo tudo
com o sol vermelho refletindo
faróis de carros e os meus olhos
se fecham como em uma explosão
dentro do meu estômago que
identifico como felicidade
mesmo odiando a palavra
porque vejo uma beleza tão natural
que me apaixono por todo o lixo
do dilúvio de todas as espécies
e sinto que tenho alguma chance
e quando eu vejo a noite
cair dentro do arroio
eu penso em uma arca e
penso em um café holandês
penso em queijos podres
penso em um beijo esquecido na torre negra
penso em queijos podres
penso em um beijo esquecido na torre negra
penso em todos os fins de tarde
penso em cheiro de feijão
e de repente o sinal vermelho
grita na minha cara
paro
e me dou conta
que não lembro de dirigir
que não lembro de dirigir
por uns bons 2km
e meu olho fica umedecido
daquela maneira que os olhos
umedecem quando parece
que tudo é estático e sereno
e que se pode abaixar os braços e nem tentar
porque eu posso ser tão deliciosamente
eu quando não estou por perto
rio tão alto que assusto
uma mulher com olhos como duas rosas
brancas morrendo
que tentava atravessar a rua
então decido que vou escrever
um poema sobre como a POESIA
deve ser fácil
simples
simples
e natural
e tão livre quanto pensar
sopro uma bola de fumaça pela janela
engato a primeira
acelero.