quarta-feira, 4 de maio de 2011

sinal vermelho

eu dirijo e sigo olhando
aquele arroio que divide a

porto alegre que carrego em mim


e quando vejo tudo

com o sol vermelho refletindo

faróis de carros e os meus olhos

se fecham como em uma explosão

dentro do meu estômago que

identifico como felicidade

mesmo odiando a palavra


porque vejo uma beleza tão natural

que me apaixono por todo o lixo

do dilúvio de todas as espécies

e sinto que tenho alguma chance


e quando eu vejo a noite

cair dentro do arroio

eu penso em uma arca e

penso em um café holandês
penso em queijos podres
penso em um beijo esquecido na torre negra

penso em todos os fins de tarde

penso em cheiro de feijão



e de repente o sinal vermelho

grita na minha cara


paro

e me dou conta
que não lembro de dirigir

por uns bons 2km



e meu olho fica umedecido

daquela maneira que os olhos

umedecem quando parece

que tudo é estático e sereno

e que se pode abaixar os braços e nem tentar

porque eu posso ser tão deliciosamente

eu quando não estou por perto



rio tão alto que assusto

uma mulher com olhos como duas rosas

brancas morrendo

que tentava atravessar a rua


então decido que vou escrever

um poema sobre como a POESIA

deve ser fácil
simples

e natural

e tão livre quanto pensar



sopro uma bola de fumaça pela janela

engato a primeira

acelero.