domingo, 25 de março de 2012

três da manhã

paro no meio da rua
e não paro no meio da rua como se tivesse
um motivo, apenas paro
neste meu eterno três da manhã.
olho para trás:
os postes de luz, os carros, as pedras
o asfalto, casas, gramados, árvores
coisas tão minhas
que me fazem perder o ar
que me fazem não sentir tão sozinho
que empregam sentido a
esse meu eterno três da manhã.
solto um pequeno suspiro enquanto
tento manter meu corpo hidratado
e meus olhos fechados.

paro aqui, e poderia ter parado em qualquer
outro lugar. mas, não. paro
nesta minha eterna vontade de ir sem saber aonde
nesta minha eterna escuridão de olhos
neste meu eterno banquete inalcançável
neste meu eterno aconchego de espinhos.

paro aqui, e vejo a mulher mais linda
do mundo - no momento -, e seus olhos
brilham tanto que eu quase chego a entender
porque parei - de alguma maneira
a luz emprega sentido
a cada ato.

respiro fundo,
nesse meu eterno nó gelado na garganta,
e caminho, como se tudo isso
valesse
realmente
a pena.