meu zíper.
seu corpo
inteiro
vibra e se contorce.
tira meu pau
do descanço das calças.
desliza a língua
do início ao fim
até enfiar tudo na boca.
então, me olha
e enfia tudo de novo.
pego seus braços,
puxo para cima e
enfio minha língua naquela
boca.
e depois de um tempo
ela acende um cigarro
apoiada no encosto da cama.
me olha
inclinando a cabeça 53º
a direita
e começa a falar e falar
e falar
sobre o terceiro paralelepípedo -da calaçada para a rua -
do lado direito
da subida até a minha casa
e sobre ir embora.
eu saio correndo
e me escondo dentro do armário.
acendo um isqueiro e vejo
minha sombra projetada
dançar sobre o balcão de um hotel
no interior da França.
ela continua falando
53º a direita
me olhando com os olhos
que estão prestes a derramar
não lágrimas,
mas o verde e o mel -
devido à inclinação.
rafa, ela diz.
eu espirro
e entendo tudo o que
ela fala.