quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Poema.

Não julgue o poema
nunca
é tudo uma brincadeira.
O poema não é sério
não é esforço.
Olavo Bilac se esforçava
e só lembro dele
como o primeiro
a sofrer um acidente
de carro
no Brasil.
Não faz diferença.
O poema é liberdade.
Jogue palavras soltas
brinque com o amor
com o ódio.
Sentimentos opostos são
divertidos
um poema pode se basear em nada.
Não existe "um poema".
Use sempre o artigo definido;
brinque com o poema.
Fale sobre dor
sobre felicidade
sobre a cagada do dia anterior
sobre aventuras inexistentes
mas se divirta com o poema.
Seja livre, não precisa rimar
não precisa soar bem.
Flutue com o poema.
Misture tudo
viva
isso é o principal
viva todo o momento
seja chorando
ou rindo
mas viva.
Não é preciso talento
isso é besteira
o talento não supera
a experiência de se viver.
Escreva mil poemas numa noite
bebendo
fumando
se divertindo.
Haverá muita merda
mas o poema não
é um companheiro
difícil
ele entende a mediocridade
ele é somente
um companheiro.
Não existem poemas imortais
até que alguém
o transforme num.
Não seja escravo do poema
o poema é seu amigo.
O poema é liberdade.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Nada Mais.

Sozinho no campo
de imensa imensidão
do vazio
do escuro.
Só eu.
Minha cabeça gira,
como quiser,
gira.
E não vejo nada
nada é tudo que tenho.
E nada é tão bom assim.
Eu caminho no verde cor de sangue
de um pasto inexistente.
De uma vida
que inda passa
até passar.
Nos versos de um papel sujo
me perco e
nada é tão ruim assim.
Tudo é o que parece.
Nada podia
ser mais triste.
A realidade se faz de fantasia
para cortar meu pulso.
E nem reflexo eu tenho.
Nada.
Só geada no pasto que não há.
Uma cacheira azul de sangue corre
e o barulho me deixa mudo.
Eu grito, um grito silencioso.
Como a da árvore na floresta vazia.
E vazio é meu peito
no meio de rostos estranhos,
que, nem ao menos,
alí estão,
só solidão.
E nem sei
o que é
nada
é o que é:
tudo
nada mais.