quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Os passarinhos

Vou dormir, e passarinhos
cantam.
Cantam ao dia que nasce.
E eu vejo
programas de detetives
e penso
que poderia fazer igual.
Fazer melhor.
Eu poderia
cometer o assassinato
perfeito.
Com calma e cuidado.
Uma pessoa que eu não conheço
que eu nunca vi, eu chego por trás
e corto a garganta.
O sangue desaba como uma
cachoeira.
A mais bela de todas.
E eu vejo o corpo cair.
Limpo a faca. Com um pano
limpo, que fica
vermelho.
E eu danço
um pouco.
E eu bebo uma cerveja
com a pessoa que mais
escuta o que eu tenho a dizer.
Com a pessoa no chão.
Com a vida na mão.
Com dor, talvez.
E os passarinhos cantam mais
e mais
alto.
Meus olhos querem fechar.
E o corpo no chão
me olha.
E eu olho a minha vida;
para dentro de mim.
E esses passarinhos
malditos
cantam
mais
e mais
alto.

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