domingo, 5 de outubro de 2008

Oi, meu nome é Rafael

"Oi, meu nome é
Rafael
e eu sou patético."
Eu não sabia que
havia dito isso.
Eu tinha saído, e
eu tinha me enlouquecido
com cachaça
cerveja e
mais.
E eu não lembrava de nada
daquela sexta-feira.
Só me sentia ridículo
mal. Como sempre.
E a semana passou
e eu achei que só eu
sabia que eu era
patético.
Engano meu.
Eu voltei para aquele
mesmo lugar.
E tomando uma cerveja
eu vi ela.
Ela tinha algo
ela tinha tudo.
Ela me tinha, naquele
instante.
E eu estava perto
dela, e por alguma razão
troquei algumas palavras
com ela.
"Eu te conheço", ela disse.
Sim, ela estava naquela outra
festa
naquele mesmo
lugar.
Ela sabia que eu era
patético
eu mesmo havia dito.
Sempre
fui meu pior inimigo.
Mas, por algum motivo
eu conversei mais com
ela.
E ela era tão querida
quanto era bonita.
Ela era o que eu
esperava. E, infelizmente,
eu sou o que havia
dito para ela esperar.
E a conversa continuava, e
eu estava sem entender nada.
Isso nunca aconteceu comigo, conversar
com a mulher que considerei a mais
interessante de lugar algum.
E passaram
algumas horas
e passaram
goles de cerveja, e
algumas risadas.
E eu nem me
sentia tão patético
assim.

Estávamos falando de
livros ou algo parecido.
Ela falou que estava lendo
algo que não me lembro,
só me lembro dela.
Então ela disse:
"Eu sempre leio um
autor entre os outros
o mesmo, que é o
que
eu mais gosto."
E eu lembro de pensar
que se ela falasse
Bukowski
eu me apaixonaria.
Então, ela disse:
"Bukowski"
Eu estava perdido.
Perdido porque ela me teria por mais
tempo
que só aquele instante.
Perdido porque eu
nunca
tenho chance alguma.
Perdido pelas malditas
aspas:
"Oi, meu nome é
Rafael
e eu sou patético."
E eu dei as costas para ela
e eu dei as costas
para mim.

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