quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sobre carnaval e postes-de-luz

Era carnaval e era Santa
Catarina.
Era uma festa e era um lugar
de gente
bonita
de gente
com dinheiro
de gente
que precisa de carnaval.
Eu caminhava por entre
as pessoas
e não via muita vida nos olhos
delas
e elas eram hostis,
sempre quem tem tudo é
hostil com quem não tem
nada.
As mulheres eram lindas
e arrumadas
e ninguém ficava bêbado de verdade
eles só eram um pouco mais
felizes.
As mulheres não tinham nada
o que eu quisesse
talvez o corpo
eu entraria nelas
eu comeria elas
mas eu não me apaixonaria
por nenhuma;
não valia a pena tentar.
Eram postes-de-luz
que erguiam o nariz e faziam
cara feia
para todo mundo.
Por que um poste-de-luz
levantaria o nariz?
Por que um poste-de-luz
se acharia melhor
que um poste qualquer?

Bem, era carnaval
e eu não queria estar ali,
um sangue ácido corria
por mim
e me fazia sentir bem
e rir e gargalhar.
Eu queria gritar.
Era carnaval
e o carnaval é para as pessoas
que precisam do carnaval.
Ali nasce um amor
que morre com a luz do dia.
Os postes-de-luz precisam disso.
Eles precisam do carnaval
para se libertarem.
É uma desculpa.
Nós não
nós não precisamos
de carnaval
nós somos
ele.

E eu ri pensando
nisso,
meu Deus, eu ri
ajoelhado no chão.
Dançando e pulando na areia.
Cantando.
Pedindo samba,
amor e que eu sumisse
dali.
Era carnaval, e se não fosse
seria qualquer dia
com amor e sexo
como qualquer carnaval.

E para que os postes-de-luz
vivam mais um ano,
eles precisam saber que em fevereiro
tem carnaval
e que eles podem ser e sentir como
eu sou e sinto o ano todo.
Eles podem ser livres deles
mesmos.
Livres da sociedade.
Tem carnaval, postes-de-luz,
todo dia, eu mostro onde
eu mostro como,
mas, por favor,
abaixem essa porra
de nariz
em primeiro lugar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Momento feliz 2

Dizer sim e não
ou não dizer nada
sorrir
gritar, gozar
amar
pensar na vida
com uma brincadeira
como amarelinha
sem rodar como o pião
ser sem sentido.
Não precisar fazer sentido.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

E quando a faca encosta a garganta e quando tudo acaba é hora de desistir e voltar a sorrir.

Cara, ele começou, não sei o que fazer
eu preciso comer alguém
eu sou inadequado, um idiota.

Era um bar vazio e com muita luz
meus olhos ardiam
e uma nuvem de fumaça
cobria nossas cabeças.

Não acho ninguém, ele se lamentava,
faz quase um mês, e ninguém. Eu até me apaixono
quase toda noite
mas eu sou feio, cara, eu sou feio pra caralho.

Não, meu querido, tu não é tão feio assim, eu tentei,
quer dizer, a gente não é as pessoas mais
bonitas
do bar, e só tem cinco outros homens aqui,
mas a gente sabe falar
a gente fala de amor.

Não faltava cerveja na mesa
e eu ainda tinha uma carteira de cigarros
fechada.
A luz ficava cada vez mais forte
as pessoas mais bonitas
e nós mais feios, mas
isso
isso eu deixaria pra mim.

Foda-se, ele sorriu, foda-se
é melhor assim, a gente tem a cerveja!
Não esquece do cigarro, acrescentei.

A cadeira do canto da mesa saiu do lugar
sozinha,
mas tinha uma mão puxando o encosto.
Unhas vermelhas, que subiam
para um braço moreno
e chegavam num pescoço fino
que se iluminava
com um verde esmeralda
que descia dos olhos da mulher mais
bonita que se podia ver
em todo o bar.
E, naquele momento,
em todo o mundo.

Ela se sentou.
Virou para ele e
conversaram baixinho
enquanto eu tomava conta
da cerveja e do cigarro.

Em vinte minutos eles se levantaram
e se despediram.
Para a casa dela, eu acho.

Encarei meu copo, enchi mais um pouco
abri a outra carteira de Lucky Strike
e senti pena de mim mesmo.

Quando um homem chega no limite,
quando um homem não se aguenta mais
é que as coisas boas acontecem.
Ah, podia ter sido eu a começar a reclamar
ah, eu tinha tudo aquilo pra
dizer.
ah,
a cadeira se mexeu sozinha,
e no encosto da cadeira
tinha uma mão.
E a mão tinha unhas vermelhas.
E era um vestido verde
parado ali.

Ah, como é bom se odiar,
de vez em quando.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Momento feliz 1

Muitas vezes
enquanto o sol brilha
um quarto
de cortina baixa
sem muita luz
com uma pessoa
sozinha
lendo Cortázar
é só felicidade.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Eu

Sem muita coisa pra dizer
e gritando insanamente
um urro sem controle
repleto de verdade
com ódio pelas que pessoas que passam
e um amor tão verdadeiro que só podia
passar rápido.
Uma vida de medo, e sem frescurra
uma vida assim
em 21 anos seguidos
com prazer e desgosto
com amor e desamor.

Um olho que brilha de idéias tolas
e embriagadas.
palavras patéticas e uma barba
molhada de cerveja.
Procurando sorrisos, olhares
com a idéia de que o amor
vai fazer tudo ser o que devia.
Sem saber o que devia ser.
Sem ter para onde ir.
Chorando muitas vezes
com filmes e mulheres e pesadelos acordado.

Alguém de verdade.
Acreditando sempre nela
e mentindo toda a hora, só para viver
mais um segundo
só para arrancar algum sorriso
de alguma boca.
Procurando auto-estima em algum lugar
procurando
em bares
ruas
livrarias
a felicidade
ou -o que realmente existe-
momentos felizes.
Sendo tudo o que não queriam que fosse
sendo eu
sendo o que posso
sendo o melhor que deu.
Com um sorriso tímido no canto esquerdo
da boca
pedindo desculpas constantemente
desculpas por estar
por saber
por falar
por calar.
Mudando todo dia, todo segundo
mudando após o primeiro gole
após o segundo
e trazendo a sujeira da vodka.
Me declarando para desconhecidas
falando de amor e de eternidade
sem saber direito o que é amor e eternidade
(mas quem sabe?)

Caminhando pela rua
esperando um abraço
um toque
um aperto de mão.
Sendo brega.
Sendo eu.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Qualquer coisa em qualquer lugar

As pessoas diziam que ele
estava louco
que ele tinha perdido
que não tinha cérebro ou
coração.
EU CAMINHO PELO CENTRO
E VEJO PESSOAS CAMINHANDO
COM ROUPA DE ENTERRO
E SEUS OLHOS PULAM PARA FORA
DAS ÓRBITAS
E ELES TEM UMA CORDA NO PESCOÇO,
ele gritava no consultório psiquiátrico.
Ele vivia sozinho
num apartamento sem sala nem
cozinha
no centro da cidade.
O canto esquerdo da sua cama
era só garrafas espalhadas pelo chão
o direito
um grande cinzeiro.
ALGUÉM AMARROU MINHAS BOLAS!
ELES PUXAM
E ELES PUXAM FORTE.
TODA VEZ QUE EU PENSO É UM PUXÃO
TODA VEZ QUE EU FALO,
ele berrava.
As pessoas sentiam pena,
ele era feio, diziam, mas por trás
daquilo tudo, por trás
daquela enorme barba
daquele ódio, tinha alguma
coisa
que um dia lembrou beleza.
EU ERA UMA PESSOA BOA
EU AMAVA
EU AMEI MUITO.
AS PESSOAS ME MACHUCARAM
NUNCA VIRAM BELEZA EM MIM.
EU TINHA BELEZA
ERA SÓ PROCURAR
LÁ DENTRO, POR TRÁS DISSO TUDO,
EU TINHA ALGUMA COISA,
urrava.
Ele tinha 50 ou 80 anos,
não se podia notar diferença,
ele achou uma mulher.
Ela olhou por cima dele
viu em seus olhos
um brilho escondido
uma verdade constante.
Ela se entregou. E ele se entregou.
Ele viveu feliz alguns anos, mas ela foi
embora.
Foi embora com alguém melhor, isso deixava
tudo mais difícil.
EU NÃO FUI SEMPRE LOUCO
ALGUNS DIZIAM QUE EU SABIA
DAS COISAS
QUE EU FALAVA SOBRE O AMOR
COMO UMA COISA BONITA.
NÃO SEI PORQUE.
ISSO TUDO FEDE.
EU DEMOREI 55 ANOS PRA ESCREVER
UMA LINHA QUE PRESTASSE
55 ANOS, PORRA! E AGORA
NUNCA MAIS VOU REPETIR
NADA PARECIDO.
O senhor era escritor?, perguntou
o psiquiatra.
NÃO, EU ERA PADEIRO
NUNCA VOU ESQUECER
"6 PÃES, MORTADELA,
QUEIJO LANCHE, 3 LITROS DE LEITE
PARA A CADELA DE
VESTIDO CINZA." LINDO!
PERDI O EMPREGO, MAS VALEU A PENA.
O médico limpou a garganta
e fez os barulhos ridículos que os médicos
fazem.
E essa foi a frase mais bonita
que escreveste?, perguntou nosso querido
PhD.
NÃO, respondeu, FOI O BILHETE.
"AQUELA CADELINHA
VINHA AQUI, CHEIRAVA O RABO
DOS MACHOS, ABANAVA O SEU.
AQUELA CADELINHA DE PEITO PEQUENO
E VESTIDO CINZA
TINHA UM MACHADO NO MEIO DA TESTA,
NUNCA FOI VISTO,
MAS EU DEI UMA PEQUENA AJUDA."
O médico levantou apressado
da cadeira
ergueu o indicador para o céu
balançando-o freneticamente.
Olhou nos olhos do paciente
e gritou,
" Isso é um absurdo! Um absurdo, eu digo!
Tu disseste duas frases! Sai do meu escritório, AGORA!"
E a cadelinha de peito pequeno
sangrava
enquanto as palavras impediam
qualquer tipo de justiça.
Enquanto o paciente ficava sem ajuda.
Enquanto a vida só queria forma
e esquecia do suco que tem aqui dentro.
Como o abacate e o sol congelado ali
dentro,não é, mestre?



A gente.

A gente se entrega
assim
para alguém
que está disponível
a gente vai e
se joga
dentro de um amor
dentro de uma boceta.
A gente faz isso
sem pensar
só por gosto
por diversão
e a gente goza.
Quase sempre a gente goza.
Algumas noites
a gente se apaixona
e todos os dias a gente esquece.
E elas tem idades diferentes
e dias diferentes
olhos, bocas, mamilos, expressões
idéias
tudo sempre é diferente.
A maioria é louca.
E gritam com a gente.
E elas bebem bem.
Fumam. E fodem, meu
Deus, elas sempre
fodem.
A gente se atrasa para
chegar
e tem pressa para sair.
Mas ai, do nada, sem
previsões ou lógica
a gente acorda.
E olha para aquele corpo
deitado em nosso peito
e a gente admira aquilo tudo.
É um novo monumento que
se deita em nós.
Um grande jogo.
Então
a gente, de repente,
não consegue sair.
As calças não querem entrar.
E a gente pensa que ali
é nosso lugar
e que é possível
passar a vida toda
deitado com aquele corpo
grudado em nosso peito.
E normalmente a gente bebeu
muito.
Então a gente pega um copo da água
vai para a janela
acende um cigarro
e a rua lá fora é mais fácil.
Tudo é mais bonito e devagar.
A gente sempre tem um sorriso
uma janela às 7h da manhã
com um cigarro na mão
exige um sorriso.
Então a gente volta para a porta do quarto
encosta a cabeça na parede
e a gente olha
aquilo
ali
deitado.
Aquela bunda, aqueles seios
aquela boca, aqueles pés.
A gente volta pra cama
e reza pra nunca mais
acordar.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Momento espiritual no fim de tarde.

Era verão, então
ele se ajoelhou
olhou para o céu,
abriu os braços e,
mesmo sem ser muito católico,
agradeceu,
"Obrigado, Deus,
pelos vestidos."
E aquele
foi o momento
mais espiritual da sua vida.
Abençoado por uma leve brisa
que levantou algumas saias.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Praga

Fazia algum tempo que eu andava sozinho
era Praga
e eu tomava cerveja e subia o morro
para olhar a cidade de cima.
Voltei para o albergue, no fim da tarde
e só pensava na minha cerveja
e talvez um uísque,
fumava sem parar.
Até que ela entrou
cheia de mala
e ele estava de verde -
eu sempre me apaixono pelo verde.
O jeito de falar era
conhecido
era brasileira.
Eu queria ela pra mim
eu queria alguém
mas queria ela um pouco mais.
Eu disse alguma besteira.
"brasileira, é?"
Ela sorriu, para minha surpresa
ela sorriu!
"vamos beber alguma coisa",
ela disse.
Era Praga e era tudo diferente
da Praga de ontem.
A gente bebeu, de bar
em bar.
E ela bebia bem, bebia com o coração.
Então, em cima de um ponte
ela disse que Praga
era mais romântica que Paris.
Eu concordei, peguei ela pelos braços
e a minha boca colou na dela
e a dela na minha.
As nossas línguas se tocaram,
e era aquilo que devia ser.
Era Praga
e eu ficaria mais um dia por ali.
Até ela ir embora
e eu ir embora
e a gente continuaria assim, para sempre
embora.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O sol não se põe, ele perde.

É raro quando eu durmo antes
das 5 da manhã.
E em alguns desses dias
eu, simplesmente,
não faço nada.
Só fico ali, sentado
olhando o nada.
Fumo cigarros,
às vezes, muitos
cigarros.
Encaro a parede.
Penso. Me apaixono duas,
três
vezes.
Me apaixono por imagens que eu crio
na minha cabeça
e é tudo projetado naquela parede azul
um filme lindo
saindo, como raios, dos meus
olhos.
Quase choro,
engulo tudo.
Às vezes,
quando tem algo pra beber
eu bebo alguma coisa.
Ou fumo alguma coisa.
Olho para a TV.
E imagino minha vida
naquele quadrado
com aquelas pessoas
e eu rio de mim mesmo
chuto a vida para longe
tirando o goleiro
da jogada.
Bato uma punheta.
Deito
sentindo o vento do ventilador
e fecho os olhos
e não tenho a intenção de dormir.
Quero voar
sentindo a o chão se aproximar
indo cada vez mais rápido
e mais rápido
e não vôo mais,
eu caio
e o chão é logo ali
e eu reconheço aquelas pessoas
e
SOCORRO
eu abro os olhos
e não contenho minha risada.
Levanto.
Caminho de um lado para o outro
no corredor pequeno
entre a cama e o armário.
Ando em circulos.
E falo, um pouco sozinho
até alguém aparecer a minha frente.
E sempre é alguem conhecido.
Eu abraço. Beijo.
Sinto saudade,
quase sempre
eu sinto saudade.
E a gente conversa um pouco.
Fumamos um cigarro.
Alguns trazem sua própria bebida.
Então eu volto a estar sozinho
e é quase manhã, então
eu abro a janela e me sento
com as pernas para fora
e os pássaros cantam,
cantam um samba
um samba triste
é, normalmente, é
sobre algum carnaval.
Aprendo rápido a letra
e canto com eles.
Fumo um cigarro.
Me livro dele
jogando para cima,
mas ele quer mais que acabar ele
cria asas, assim, de repente
e voa
por cima do morro
vejo a sua chama acesa
no horizonte.
E quando ele some
eu sei que é hora de ir.
Me deito.
E vou afundando
devagar
para o fundo da cama
e a cama me abraça e me proteje.
Enquanto o Sol
lá fora
vomita tudo de ruim que o dia espera.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A placa

Ela tinha dois olhos

e uma boca,

como

quase

todo mundo.

Só que a sua boca foi

desenhada por anjos

em 22 dias.

E seus olhos tinham

a cor

que o mundo

deveria ter.

E eu ouvia

da sua boca

"meu amigo..."

quase sempre.



Eu não tinha muito

o que oferecer.

Não tinha nada,

na verdade.

Eu me sentia bem,

me sentia querido.

Então, sem pensar,

eu ofereci meu coração.

E aqueles olhos

e aquela

boca

quiseram o que eu tinha.

E assim

minha boca

acanhada

pelo trabalho de anjos

tocou a dela.

E meus olhos,

que sempre foram sofrimento,

olharam toda a água

de todos os mares e

de todos os rios

que eram

os olhos dela.

Minha língua entrou

entrou

na boca dela

e a dela na minha.

Eu sorri

com todas as partes do corpo

que podem sorrir.

E aquelas palavras

"meu amigo..."

já não faziam tanto sentido.

Eu era o que pensava que

deveria ser.

Eu tinha tudo naqueles olhos

naquela boca.

A paz era minha,

o amor era meu.



E como tudo que é

noite

um dia amanhece.

E com o Sol

a vida vai embora.

Só que o medo

não foi junto.

O amor ficou!

Eu sempre acreditei nisso

no amor e na verdade.

E não via nada além disso.



O Sol se pondo

fez meu coração acelerar

dizendo que tudo era como a

noite

como devia ser.

Os anjos que esculpiram

aquela

boca

me cercaram

e fizeram uma orgia

a minha volta.

Eu queria aquilo.

Eu queria aqueles olhos só

meus.

Eu queria aquele corpo

contra o meu.

Eu queria aquelas palavras

"meu amigo"

se dissipando

em orgasmos.



Eu queria...

Eu queria...

Eu queria que nada tivesse

acontecido

eu não queria aquela noite

não queria a manhã.

Eu queria aquele

canto escuro

onde eu nunca fui nada

e onde eu nunca sofri

e que, na porta, havia

uma placa

dizendo:

Não entre.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O quarto

Eu estava deitado
na minha cama
lendo alguma coisa.
E ela do meu lado, olhando TV
algum programa ridículo, como
sempre.
E parecia bom assim,
eu me sentia bem.
Ela botou a mão no meu peito
fez um carinho no meu rosto
e se virou devagar
olhando nos meus olhos.
Faz um sanduíche,
ela disse.
Deixa eu terminar o capítulo,
respondi.
Se tu me amasse tu faria agora,
quem ama faz as coisas para a outra
pessoa,
tu não me ama?,
ela perguntou.
Aquilo não fazia sentido para mim.
Disse que amor não era aquilo
que o amor era se
sentir bem, era querer estar
era permanecer.
E eu não tinha muita
idéia do que eu estava
dizendo.
Mas sabia,
naquele minuto,
que não havia
amor
naquele quarto.