domingo, 10 de janeiro de 2010

A gente.

A gente se entrega
assim
para alguém
que está disponível
a gente vai e
se joga
dentro de um amor
dentro de uma boceta.
A gente faz isso
sem pensar
só por gosto
por diversão
e a gente goza.
Quase sempre a gente goza.
Algumas noites
a gente se apaixona
e todos os dias a gente esquece.
E elas tem idades diferentes
e dias diferentes
olhos, bocas, mamilos, expressões
idéias
tudo sempre é diferente.
A maioria é louca.
E gritam com a gente.
E elas bebem bem.
Fumam. E fodem, meu
Deus, elas sempre
fodem.
A gente se atrasa para
chegar
e tem pressa para sair.
Mas ai, do nada, sem
previsões ou lógica
a gente acorda.
E olha para aquele corpo
deitado em nosso peito
e a gente admira aquilo tudo.
É um novo monumento que
se deita em nós.
Um grande jogo.
Então
a gente, de repente,
não consegue sair.
As calças não querem entrar.
E a gente pensa que ali
é nosso lugar
e que é possível
passar a vida toda
deitado com aquele corpo
grudado em nosso peito.
E normalmente a gente bebeu
muito.
Então a gente pega um copo da água
vai para a janela
acende um cigarro
e a rua lá fora é mais fácil.
Tudo é mais bonito e devagar.
A gente sempre tem um sorriso
uma janela às 7h da manhã
com um cigarro na mão
exige um sorriso.
Então a gente volta para a porta do quarto
encosta a cabeça na parede
e a gente olha
aquilo
ali
deitado.
Aquela bunda, aqueles seios
aquela boca, aqueles pés.
A gente volta pra cama
e reza pra nunca mais
acordar.

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