segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Meu Segredo.

Eu tenho dois corações, um
não faz nada
não pulsa e nem bate e nem pára.
Ele só recebe porradas,
arranhões,
tiros,
mordidas,
beliscões,
ele segura minha
dor.
Mas eu não
sinto essa
dor.
Ele só me passa pena, pena de mim.
e eu guardo bem ele, em segredo,
bem cuidado.
Ninguém nunca o
verá. Ele tem ataduras por todos
os lados,
ele sangra, mesmo que não exista sangue para fazer
ele pulsar.
Ele é meu depósito de
dor.
É onde as pessoas me cortam,
mijam em mim, é
meu esconderijo.
E o outro, é o que eu mostro para quem
quiser ver.
Ele é bonito e leve e sem nenhum arranhão
ele tem um ponto, escuro, apenas
coisas
que outro passa
pra ele.
Nada de muito dolorido, nada
importante.
Só para todo mundo ver
que eu sinto
dor
também.
Para
parecer normal.
O coração cheio de dor, eu enxáguo com
bebida,
e cigarros e amores
perdidos.
E ele nunca reclama, nunca pensa
não mostra, nem pra mim
o que sente.
É melhor assim.
Às vezes, eu escuto
ele chorando, baixinho
e reclamo um pouco
mas ele é bom
o suficiente
para parar logo, assim
que eu começo a chorar
junto dele. E
eu guardo ele
bem, e
eu penso que ele pode explodir
um dia ele vai,
mas eu explodirei com
o que pulsa
primeiro.
Assim tudo fica bem, eu
acho.

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