segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Fogo.

Eu devia ter uns
quatro
anos.
E eu estava à sombra de
uma àrvore grande.
E eu brincava com a areia, e esmagava
algumas formigas.
Eu só estava
cuidando da minha
vida. Sem ter
exatamente uma
vida.
Um fogo surgiu por de trás de algumas
plantas, e eu não me assustei
só fiquei parado, não conseguiria me mexer
mesmo que eu quisesse.
E um homem saiu do meio do fogo.
E não falou nada. E eu continuei esmagando as
formigas. E
ele passou por mim, olhando nos meus
olhos.
O fogo o seguia, e ele tocou num senhor
bêbado
que estava dormindo na praça.
E eu achava que o senhor iria pegar fogo. E
pegou mesmo.
E eu tentei correr, depois disso,
mas nada.
Eu estava imóvel.
E o fogo que pegava naquele
velho vagabundo de praça
fez uma trilha e correu na minha
direção.
E fez um círculo em minha volta
e e tudo ficou
escuro. E preto e assustador.


Eu acordei, com um monte de gente
perguntando se eu estava bem
se eu queria alguma coisa
e minha mãe chorava.
E eu olhava tudo a minha
volta
e nada parecia ter queimado,
nem eu.
E eu vi aquele homem
que saiu do fogo
rindo
de mim.
E eu nunca mais fui o mesmo.
E eu
nunca mais parei de
ver esse fogo, ele queima dentro
de mim
e mata tudo a minha volta
e eu nunca tenho
nada.
Exceto a esperança
de ser um velho
bêbado
ralaxando num banco
de uma praça
qualquer.

Nenhum comentário: