segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A Janela e Você.

Você está parado, em casa,
sozinho
bebendo e fumando
compulsivamente.
Você sempre estragou tudo
sempre viveu o errado;
ignorou o certo, e
cuspiu nos erros
passados.
Você nunca aprendeu.
E você se lembra dela;
do carinho dela;
da boca dela;
e tudo lhe faz pensar
nela.
E você bebe mais.
E você quer sair de casa
quer caminhar como
um vagabundo pela rua.
E você pega a chave
de casa
e sai
de casa. Mas você é esperto.
Você pega os cigarros e
a sua última garrafa.
Você não está perdido,
ainda.
E caminha sem rumo.
Caminha e caminha...

E você está parado na
frente da casa dela
e brinca com o cachorro
dela.
Idiota! Você nunca gostou
de cachorros.
E você pega uma pedra. E vai
jogar na janela dela.
Você precisa falar com ela.
Idiota!
Você está bêbado e nem
tirou o cigarro da boca.

E a chuva começa a cair.
E você ainda está parado
na frente da casa dela
na frente
dela.
E a pedra está na sua
mão.
E o cachorro dela sacode o rabo.
E você toca a pedra na janela
e erra.
Idiota!
E você toca outra e espera.
E ela aparece.
E você sacode o rabo para
ela.
E ela está diferente.

E ela não aparece na frente de
casa.
Ela não vai falar com
você.
E você joga outra
pedra.
Ela aparece novamente.
Com um telefone na mão.
E você sacode o rabo novamente.
Idiota!

O tempo passa e nada
dela.
E nada
dela.
Uma viatura de polícia
aparece. E nada
dela.
E eles te tocam para
dentro do
carro.
E você olha pela janela
e lê uma placa.
Idiota.
Não é o bairro dela, nem a rua.
Você não estava na casa
dela.
E os policias
gentilmente
batem um pouco em você.
Apenas
um pouco de realidade.
E te jogam na frente da sua
casa. A sua casa
mesmo.
E você procura as chaves e
entra. E pára na frente do computador
02:31.
Você não quer a realidade, não
é mesmo?
Você começa a escrever
e você não é mais
você.
Idiota.
Os dedos digitam forte
e você escreve:
"Você..."

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