sábado, 5 de fevereiro de 2011

Meu amor próprio

Bem,
eu não sou nada
bonito
mas de vez em
quando
tenho sorte e alguma
mulher aparece.

E ela aparece
e seu nome é
Sílvia.
E ela dá um passo
e o mundo inteiro
treme
e curva à sua frente.
Ela tem um jeito de sorrir
que causou as duas
guerras mundias.
Ela é a bomba atômica
com duas pernas
que são cobras
mas
estranhamente
se movem como pernas.
Badaladas do relógio velho
sexo
a cada passo
sexo e mais sexo.
E eu não sei me apaixonar
mas ela me tem.
Não sei dizer eu te
amo
mas os olhos
gritam tudo que meu coração
excreta
por ela.
Ela
deliberadamente
me machuca.
Some por
semanas
meses
e aparece
de braços abertos
iguais aos meus
que nunca se fecharam.
E ela goza com
outras pessoas
em outras ideias
enquanto eu
mudo de janela
e gozo nela.
Ela me machuca.

Já, Priscila
me olha como
se eu fosse bonito.
Deixa eu saber
que está lá
inteira
para mim.
E o sexo
é lindo,
mas penso em Sílvia.
E as brigas
são brigas boas
porque ele grita
que me quer.
Ela deixa eu saber
que está à um passo
de mim
e eu caminho vinte
para trás.
tenho medo.
Medo que Sílvia volte
e medo que eu não
esteja lá.

Agora
sozinho e do topo
da minha solidão
eu vejo
que sou apaixonado
por mim.
Pela ideia que criei
de mim.
Algo que não vale a pena
amar.
Algo descartável.
Algo.
E amando o que me
despreza
eu tenho um pouco
de amor próprio.
Uma punheta sem nunca
gozar.

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