domingo, 27 de fevereiro de 2011

Eu sou um poeta e

sobre tudo que se tem
a dizer
se pode dizer
realmente
muito pouco.
Eu não existo
de verdade
sou uma imagem refletida
por olhos brilhantes
em um muro cheio de riscos.
Pedaços de papel picado
espalhados pelo chão.
Pedaços de mim
picado
espalhados sobre teu sangue e coração.
A vida é curta
mas grito
loooooooooonga espera e
o tempo voa como se eu não ouvisse.
Falta muito para morrer
eu digo, amigo,
e falta tanto pra viver
que a dor às vezes faz lágrimas brilharem geladas nas minhas bochechas
levantadas para cima rindo do seu sorriso.
Dou um tiro para o alto
e espero a bala cair silenciosamente sobre minha cabeça.
Elefantes amarrados por barbantes
voam
como balões de hélio.
E eu não entendo nada sobre hélio ou elefantes
a não ser
que todos ficam com um ar sereno
apoiados na grade
sob o Sol.
Eu grito poesia
e grito que o poder está no pau
enquanto tenho medo do meu.
Medo do que ele traz
do definitivo
do que eu crio como definitivo
da ânsia de vômito com pernas
e vestidos verdes.
E já não sei bem
em qual linha eu estou
com a cabeça apoiada sobre a mesa
eu sou um poeta
e minha alma não vale de nada.
Eu sou um poeta e minh'alma
bóia numa piscina de merda
que eu mesmo criei.

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