domingo, 11 de julho de 2010

A fuga é uma panela de pressão pronta para explodir.

Eu já senti falta
antes.
Eu já amei.
Eu já vi uma boca
ir embora
e esperei pela próxima.
E a próxima
fazia tanto sentido.
Eu esperava
ela.
Eu passei
tempo
fazendo essa boca
ir embora.
Nada novo
nada velho.
Eu queria fugir
da dor
de não poder ser o que
a boca
queria.
Mas eu fui
preso.
Me sento nessa jaula
e espero alguma
notícia.
Eu vou em frente.
Experimentando
bocas novas
bocas boas.
Bocas que
não são nada.
Me sinto tão vazio.
Fisicamente.
Eu respiro fundo
e não há nada
aqui dentro.
Há um vazio
que ela deixou.
Que logo será preenchido.
Que logo não será
dela.
Que logo
vai me fazer esquecer
o que fez
tudo valer a pena.
Eu tentei chorar.
Juro.
Achei que as lágrimas
me fariam bem.
Achei que lavaria ela
embora
de mim.
Mas as lágrimas
nunca
vieram.
Assim
como ela nunca
foi.
Eu sinto saudade.
Meu Deus,
eu sinto tanta saudade.
Sinto saudade
do que não quis.
Sinto saudade daquela
boca que
tentei fugir
e que não vejo maneira
de fugir de mim.

Sim, logo eu acho outra boca.
Logo eu esqueço.
Mas continuo
caminhando
de tanto medo
do dia
que não irei
conseguir lembrar.

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