quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Tudo ao mesmo tempo

Sinto-me alheio
a isso tudo
às vezes
sou um espectador de
um filme de terror
e o protagonista
sou eu
e eu grito
da sala do cinema:
não abra essa porta!
E, mesmo assim, eu
abro
e penso em pular pela janela
não mais para morrer
mas para provar que eu
consigo voar.
Sinto-me preso ao passado
e abraço o futuro
como alguém que abraça um
deus.

E eu sou o deus do
meu mundo
senhor de mim.
Eu sou a árvore
do seu quintal.
Sou um cachorro
brilhando ao Sol.
Sou um pouco
de tudo.
Sou o futebol.
Sou um idiota
de Lars von Trier.
Sou um girassol
de Van Gogh.
Sou tudo o que espero.
Sou a boca que vai embora
e traz aquele sorriso
que desaparece
na luz daqueles olhos.

Nunca entendi pessoas
que escalam montanhas.

Sinto-me tão falso
às vezes
sinto-me mentir para quem sou
para o que sinto
e fazer tudo aquilo que não queria
pelo bem
de outros.
Mudo o que sou
saio de mim
e torno-me
outro.
E sinto-me igual a antes
sinto-me de verdade
e sorrio do topo dessa
montanha feita de cinzas.


Sinto tudo;
a dor de ver deuses
esquecidos;
a felicidade de encontrar
sorrisos
perdidos;
um choro que
me engole;
um sorriso
que engole o mundo
todo;
pena de me ver ao
espelho.
E quando me olho
penso,
não é grande coisa
mas é tão de verdade.
E o espelho do meu banheiro
quebra ao som das minhas
gargalhadas
e todos os espelhos do mundo
caem ao chão
ao som da palavra que sai
do meu estômago.

Sinto-me tão triste
e sinto-me tão bem ao mesmo
tempo.
Sinto meu corpo
cheio de chagas
e sinto as feridas
fechando devagar.
Sinto-me,
porque
é a unica maneira
de sentir tudo
que eu quero
ao mesmo tempo.

Um comentário:

Dilly disse...

Me identifiquei totalmente. Lindo, como sempre