segunda-feira, 29 de março de 2010

Dança

Eu parei
perto dela.
E ela não olhava para mim
e eu não conseguia olhar
para outra pessoa.
E eu dançava.
Patético, eu
dançava.
Eu que
nunca dancei.
E abanava meu rabo
como um cachorro no
cio
numa tentativa
desesperada
de parecer
normal.
Sem muito
sucesso, é
claro.

Tem um cigarro?,
ela perguntou.
Puxei um maço
do bolso da camisa, tirei
um
botei na sua boca
e acendi.
Logo depois
fiz o mesmo para mim.
A gente devia dançar,
ela sugeriu puxando meu
braço.
Eu tentei, tentei observar as
outras pessoas
repetir os movimentos,
esquecer toda aquela cerveja
e toda aquela vodka
que me fazia virar sempre
mais do que devia
e quase cair por cima
dela.
Ela ria a cada passo.
Não sei dançar, mas eu amo
como ninguém,
gritei no seu ouvido.

Ela parou,
olhou para mim,
e sorriu.
Ela sabia que eu era
maluco.
Só não tinha percebido
até aquele momento.
Pediu licença e foi
ao banheiro.

Pedi uma cerveja
esperando ela
não voltar.
E eu nunca mais
danço outra
vez.

2 comentários: