quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O sol não se põe, ele perde.

É raro quando eu durmo antes
das 5 da manhã.
E em alguns desses dias
eu, simplesmente,
não faço nada.
Só fico ali, sentado
olhando o nada.
Fumo cigarros,
às vezes, muitos
cigarros.
Encaro a parede.
Penso. Me apaixono duas,
três
vezes.
Me apaixono por imagens que eu crio
na minha cabeça
e é tudo projetado naquela parede azul
um filme lindo
saindo, como raios, dos meus
olhos.
Quase choro,
engulo tudo.
Às vezes,
quando tem algo pra beber
eu bebo alguma coisa.
Ou fumo alguma coisa.
Olho para a TV.
E imagino minha vida
naquele quadrado
com aquelas pessoas
e eu rio de mim mesmo
chuto a vida para longe
tirando o goleiro
da jogada.
Bato uma punheta.
Deito
sentindo o vento do ventilador
e fecho os olhos
e não tenho a intenção de dormir.
Quero voar
sentindo a o chão se aproximar
indo cada vez mais rápido
e mais rápido
e não vôo mais,
eu caio
e o chão é logo ali
e eu reconheço aquelas pessoas
e
SOCORRO
eu abro os olhos
e não contenho minha risada.
Levanto.
Caminho de um lado para o outro
no corredor pequeno
entre a cama e o armário.
Ando em circulos.
E falo, um pouco sozinho
até alguém aparecer a minha frente.
E sempre é alguem conhecido.
Eu abraço. Beijo.
Sinto saudade,
quase sempre
eu sinto saudade.
E a gente conversa um pouco.
Fumamos um cigarro.
Alguns trazem sua própria bebida.
Então eu volto a estar sozinho
e é quase manhã, então
eu abro a janela e me sento
com as pernas para fora
e os pássaros cantam,
cantam um samba
um samba triste
é, normalmente, é
sobre algum carnaval.
Aprendo rápido a letra
e canto com eles.
Fumo um cigarro.
Me livro dele
jogando para cima,
mas ele quer mais que acabar ele
cria asas, assim, de repente
e voa
por cima do morro
vejo a sua chama acesa
no horizonte.
E quando ele some
eu sei que é hora de ir.
Me deito.
E vou afundando
devagar
para o fundo da cama
e a cama me abraça e me proteje.
Enquanto o Sol
lá fora
vomita tudo de ruim que o dia espera.