quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A garrafa.

Você está sentando
numa praia
e o sol não te deixar ver
mais do que dois metros a
sua frente.
E o vento carrega você pro
lado.
E grãos de areia voam com
o vento. E seu cabelo também
voa
imóvel.
E os grãos começam a se transformar
e você vê pedaços enormes de areia
vindo em sua direção.
Blocos do tamanho de um cachorro.
E não consegue desviar.
E eles batem na sua cara
e se transformam em milhões
de grãos minúsculos.
E você fica alí
parado.
E a cada placa de areia que te acerta
você toma mais
um gole
de sua bebida favorita.
E você pensa.
"Como tudo foi acabar
assim?"
Mas você não quer sair,
você pode aguentar.
Você quer provar
que consegue.
E você não vê mais ninguém a sua volta
e, na verdade, nem sabe se
um dia
chegou a ver.
E você deita
e descansa
e o vento diminui.
Uma brisa te faz adormecer.
E você nunca mais acordou.

E, depois de muitos anos,
uma civilização
acha um corpo.
E esse corpo é você.
E eles não dão bola ao grande homem
que você foi, não mesmo!
Eles estão mais interessados
na garrafa de sua
bebida favorita.
Que sobreviveu,
intacta.
Como a bebida
amarga e
forte
que ela é.

Um comentário:

Francine Jakulski disse...

mas deve ser legal achar os ossos de um bêbado com uma garrafa bem velha do lado. A diferença é que a gente leva a garrafa pra casa, e se esquece os ossos.