quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A Blusa e o Azul.

Não era dia
nem noite
nem nada.
Não era
eu,
não sei se cheguei a estar em algum
lugar.
Nada.
Não era ela
que vinha e se
aproximava.
Não tinha garrafa nenhuma
nem cigarros
nem cinzeiros.
E a cerveja,
que não estava no copo
descia escorrengando
pela minha garganta
que não existia e não
estava lá.
E aquela boca
aqueles lábios molhados,
naquele movimento lascivo,
não me beijou
e não havia nada para
ser beijado.
E, então, sem ser nada
estava sentado na minha cama
que nunca esteve alí.
E ela não sentou no meu colo
não me beijou
não me fez feliz.
Eu não estava lá.

E ela nunca tirou a blusa azul
sentada no meu colo
de frente pra mim.
Nunca me beijou com
aquela
blusa
azul
saindo de sua cabeça.
E meu rosto não pôde se abaixar
e morder
e lamber
tudo que a blusa azul
sempre escondeu.
E minha língua nunca
percorreu aquela área que saía
por de toda a blusa,
azul ou não.

E ela nunca mordeu minha orelha,
e nunca ouvi sussuro nenhum dela
grudada em mim.

Eu não estava lá,
ela também não
nada.

Mas, a blusa azul
vivenciou
cada minuto.

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