todo dia eu parava
no posto de gasolina
para comprar cigarros
e todo dia havia
uma uma cuca holandesa
exposta na vitrine
e na maioria dos dias a gente
pedia um belo pedaço e
comia na cama.
então
ela entrou no avião
e foi embora.
dois meses passaram
comprando cigarros
todo dia
no mesmo posto de gasolina
e nenhuma cuca holandesa
exposta
na vitrine.
e todo dia
eu olhava os bolos
tortas
e nunca a
cuca.
até que esqueci dela.
do gosto ou
como se parecia.
até que
num dia desses
eu a vi
quieta no canto da vitrine
e pedi um pedaço.
só pela risada.
só por brincar de lembrar.
e
deitado na cama
eu dei a primeira garfada
senti ela
deitada sobre mim
tirando o garfo da boca
deixando farelos escapar pelo queixo
a cuca
fazendo ela se contorcer em
felicidade
olhando para mim e rindo
do meu sorriso.
porque com a cuca
era fácil rir ou não se
sentir
cansado.
então
senti uma vontade de
de alguma forma
contar isso para ela.
sobre a cuca
e como o gosto continuava igual
e sobre como
tudo aquilo que sobrava
é uma pequena poça de água
da chuva
em um dia de outono.
mas
não.
eu apenas dei mais uma
garfada
e guardei o resto na geladeira.
acendi um cigarro e
- o segredo não está no que acaba
ou no que pode ser
mas onde há
algo que sobra
no final -
algo dentro de mim
sentiu vontade de explodir
uma porta batendo
um grito na escuridão
pássaros voando
trovões e raios de sol:
um sorriso que escapa da boca.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
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