terça-feira, 25 de outubro de 2011

abraços orgasmos e sorrisos

não quero minhas palavras cheias de intenções ou
sorrisos premeditados prazeres monótonos
aviso prévio arrastado por de baixo da porta
quero ser o resultado de toda a naturalidade
de gestos em manhãs sonolentas de domingo
suspiros cor de terra molhados de chuva
quero ser o senhor da minha confusão e ter o direito
de desistir de tudo que me for capaz
para abraçar o necessário
esperando ansiosamente que a beleza natural
seja despejada em mim justamente quando não estiver preparado
fazendo acabar a rotação dos planetas
no ponteiro avançando um segundo no relógio da cozinha
despertando a selvageria que não me liga aos pontos onde
eu me prendi ao chão para que possa
desistr a qualquer minuto para só então encontrar
a menina de olhos brilhantes e faca na mão
que tem a malícia para matar e
ainda não se acostumou a ser linda
andando descalça pela casa
sem saber o que isso realmente significa
ou sem impor significado à meia-calça verde
pendurada na maçaneta de madeira do meu quarto
para que no simples movimento do relógio
o ponteiro definitivo
eu tenha a capacidade de acreditar que um novo mundo é possível
e que a bondade é tão simples quanto acender um cigarro

quero a vida na naturalidade dos movimentos
gestos e intenções
onde a arte diga alguma coisa e o amor
seja apenas abraços orgasmos e sorrisos
servidos com gelo
dependendo do meu humor.




Um comentário:

Luz da Lua disse...

Eu quero tanta coisa... mas quero meio que sem pretensão e meio que com muita exigência, quero algo elegante e natural, algo simples e que tire o fôlego, suave e arrebatador... eu sempre quero coisas incompatíveis, talvez por isso que sempre acabo por não encontrar... e quando encontro é frágil, escorregadio... escapa... e eu tento manter na memória e no coração, mas sempre fica mais para trás, fica num ponto morto no horizonte...