domingo, 20 de setembro de 2009

Reflexo

Hoje eu me olhei no espelho
depois de três anos.
E eu vi uma faca
cravada
no meu peito.
Nunca tinha notado
aquilo
nem sentido dor.
Sentei no sofá
pensando no que fazer.
O telefone tocou.
"Oi, Rafael?",
uma voz feminina
perguntou.
"Sim"
Teve um silêncio
na linha.
Então,
"Só te liguei pra dizer
que eu não te amo,
e nunca amei"
Ela desligou.
Eu peguei o cabo
da faca
e mexi de um lado pra
outro.
Não tive dor
nem remorso
nem medo.
E tirei ela de lá.
Fez um buraco grande
mais ou menos
um palmo.
Botei a faca numa mesa
e voltei para o banheiro.
Parei na frente do espelho
e tinha um homem lá dentro
do tamanho de um pilha
com pernas e braços e cabeça.
Ele corria de um lado para
o outro.
E xingava
e gritava.
Até que ele me olhou
e parou
de frente para mim.
Nós eramos iguais
ele e eu.
Ele sorriu.
Levantou a mão e disse que
nunca mais queria me ver.
Eu também não queria ver ele.
Eu não gostava dele, tão pouco
ele de mim.
A gente se odiava.
Eu peguei uma agulha e uma linha
costurei meu peito
e decidi pôr todos os espelhos da casa
fora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou fã pra caralho, usaria até uma camiseta.
Se tivesse.