quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Brindes, desejos e lágrimas

São algumas coisas,
pequenas coisas, que fazem
tudo mudar.
É descobrir que um
amigo, distante, mas que
por vezes
foi proximo
morreu.
E a gente morre um pouco com ele.
A gente morre
cada dia
um pouquinho.
O grande Buk já disse
são as pequenas coisas
na vida
que deixam um homem
louco.
E a cada dia que eu morro
um pouquinho então
eu caminho
um passo a mais
em direção da loucura.
E eu tenho essa
obrigação de viver.
E eu não tenho
muita vontade, às vezes.
E a casa me parece mais confortável
e o silêncio me agrada.
Então eu deu um gole
em homenagem àqueles que
passaram por aqui.
Que passaram por mim.
Um brinde.
Para aqueles que me mataram
um pouquinho, que me ensinaram a viver.
Um brinde, de novo, pra todas aquelas
mulheres -meninas-
que me deixaram cicatrizes
de dor e de felicidade.
Eu bebo à isso.
Eu bebo à vocês.
Eu bebo àquele que
se foi, dizendo que
eu posso ir também e que
todo mundo pode.
Então tudo é cercado
desse verde e preto e azul
e sempre tem muita fumaça
e vocês podem sentir
que o medo está espalhado por aqui.
Isso é bom, é bom ter medo
é bom perder, é bom ganhar.
E, cada dia que passa, mesmo com toda a
tristeza que eu sempre carreguei em mim,
eu sinto essa vontade crescer
dentro de mim.
Eu quero viver. Eu quero conhecer
tudo isso que se tem
pra conhecer.
Eu quero chorar em todas as
partes;
na felicidade, na tristeza,
eu quero rir.
Eu quero um amor para sempre,
não me importa o quanto ele
dure.
Eu quero sentir essa coisa queimando dentro de mim.
Eu quero ter poderes.
Uma mulher já disse
que eu tinha.
Eu quero encantar e ser
encantado.
Eu quero ser ridículo
e, até, dançar.
E tomar chuva.
Eu quero ser uma criança.
Um velho. Um mendigo bem sucedido.
Eu quero aprender
como as pessoas
e com seus medos
e suas vontades
e sofrimentos.
E a decepção é
algo presente
todos os momentos,
mas eu quero aprender
a levantar e sorrir
com as lágrimas.
Eu quero ser forte.
E, mesmo não parecendo,
eu quero ser forte pra viver,
porque já passei a vida
inteira
muito forte pra morrer.